quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O princípio da continuidade no processo de treinamento físico.

Um dos princípios do treinamento desportivo mais importantes para a evolução do desempenho físico e a obtenção de resultados é o princípio da continuidade. Primeiramente, devemos entender que desempenho físico e obtenção não estão relacionados apenas com o alto desempenho desportivo, mas com qualquer indivíduo que inicia um programa de treinamento físico independente da finalidade. Seja buscando benefícios para a saúde, seja a participação em provas de desportos individuais (p.ex. corrida de rua, triatlo, ciclismo, natação) com a intenção de alcançar resultados importantes, a melhora no desempenho físico determina o sucesso na busca por tais metas. Para tanto, é imprescindível aceitar e entender que o processo de treinamento físico é longo, exigindo disciplina e paciência.
O princípio da continuidade surgiu em razão de dois problemas. Primeiramente, devido ao caráter transitório das mudanças morfofuncionais decorrentes da sessão de treinamento, com o processo de restabelecimento do nível funcional inicial, prévio ao início do treino. Em segundo lugar, o desenvolvimento do processo de treinamento, ocorrendo supercompensação dos recursos bioenergéticos, modificações plásticas dos tecidos, dentre outras, pode se nivelar a desaparecer por completo caso não ocorra sequência nas sessões de treinamento, as quais foram responsáveis pelas mudanças. Mesmo após longos períodos de treinamento, bastam alguns dias de interrupção para que a evolução alcançada nas valências treinadas comecem a diminuir. No entanto, a continuidade deve respeitar os períodos de repouso necessários para que ocorra a soma dos efeitos do treinamento físico, respeitando o nível de condicionamento de cada indivíduo. Assim, a frequência, a intensidade e o volume do treino devem ser cuidadosamente estudados de acordo com os objetivos propostos previamente.
Definidos os aspectos fundamentais do treinamento desportivo, com a disciplina e a determinação para cumprir o que está prescrito e periodizado, é importante que o treinador e o atleta tenham consciência de que a atividade desportiva desenvolve-se no decorrer de muitos anos. Os valores mais elevados de VO2 máximo são atingidos dentro de 8 a 18 meses de treinamento, da mesma forma é necessário um período contínuo e longo de treinamento para que as adaptações mais pronunciadas no sistema anaeróbio de fornecimento de energia ocorram. Independente do desporto e dos objetivos, o regime permanente de treinamento assegura a aquisição, manutenção e o desenvolvimento da treinabilidade. 
O treinador, respeitando as diretrizes do treinamento desportivo, da fisiologia básica e do exercício e dos demais âmbitos relacionados ao desporto, e o aluno/atleta, sendo disciplinado, consciente e engajado no processo de treinamento físico, os riscos e os fracassos são reduzidos quase a zero.


Mudando de assunto, eu gostaria de aproveitar esta data, que marca o dia mundial do diabetes, para enaltecer a importância do exercício físico na prevenção e no tratamento adjunto desta doença. Que todos tenhamos a consciência da importância do treinamento físico como aliado na prevenção e como uma valiosa medida terapêutica para esta doença. A disseminação, por parte dos educadores físicos e dos demais profissionais da área da saúde, de estímulos anti-sedentarismo, que enalteçam um estilo de vida saudável necessita ser ainda mais forte. Por uma sociedade saudável!


Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Triatlo: o esporte que desafia os limites do corpo.

O ano de 2012 marca os 30 anos de triatlo no Brasil. Um esporte jovem em nosso país e até mesmo no mundo. O primeiro evento moderno contemplando as modalidades esportivas de natação, ciclismo e corrida foi realizado no dia 25 de setembro de 1974 em Mission Bay, na cidade de Sando Diego, Estados Unidos da América. Esta prova consistia na realização de 9,6 Km de corrida, 8 Km de ciclismo e 457 metros de natação. Para muitas pessoas quando se fala em triatlo, o evento Ironman é uma das provas mais populares. Entretanto, este evento, criado no ano de 1977, é apenas uma de muitas distâncias realizadas em provas desta modalidades esportiva. O Sprint Triatlo consiste em 760 m de natação, 20 Km de ciclismo e 5 Km de corrida. O Triatlo Olímpico se dá nas distâncias de 1,5 Km de natação, 40 Km de ciclismo e 10 Km de corrida. O Ironman é um evento realizado nas distâncias de 3,8 Km de natação, 180 Km de ciclismo e 42 Km de corrida, e o Meio Iron sendo realizado com a metade destas distâncias. Além destes eventos, é possível a participação em provas ainda mais longas, como o Ultraman (10 Km de natação, 421 Km de ciclismo e 84 Km de corrida) e o Deca Ironman (realização de um Ironman por dia, em um período de 10 dias consecutivos).
Um levantamento realizado por pesquisadores americanos descreve o aumento significativo da quantidade de praticantes de triatlo nos Estados Unidos. Em 1982 eram 1.500 praticantes, e no ano de 2004 este número saltou para 53.000. O fato de o triatlo ter se tornado um esporte Olímpico nas Olimpíadas de Sydney (2000) contribuiu para esta popularização. Atualmente, é estimado que nos Estados Unidos 200.000 a 300.000 indivíduos participam de provas de triatlo anualmente.
Este esporte, que une a realização de três modalidades esportivas em um mesmo evento, exige dedicação extrema nos treinamentos. Um levantamento realizado por pesquisadores especializados aponta que triatletas  gastam em média 800 horas por ano realizando algum tipo de treinamento. Pesquisas nesta mesma área descrevem que estes atletas possuem uma média de horas em treinamento por semana maior em relação a qualquer outro esporte individual. Da mesma forma, esta demanda física gera um índice de lesões elevado.
Os altos números de lesões no triatlo estão relacionados principalmente a síndrome do overtraining e fadiga, os quais refletem a difícil missão de treinar em um nível elevado três modalidades esportivas de longa duração. Pesquisadores analisaram 257 triatletas que completaram uma determinada prova e relataram que 49% destes apresentaram lesões relacionadas aos treinamento pelo menos uma vez, sendo os triatletas de elite os mais acometidos por injúrias. Uma informação interessante destes mesmos pesquisadores é o fato de que um maior volume de quilômetros rodados por semana não está relacionado com um aumento na incidência de lesões.
A corrida é a principal modalidade causadora de lesões no triatlo, correspondendo a 70% das mesmas. Os fatores primários relacionados as lesões decorrentes desta modalidade são a biomecânica e a periodização do treinamento. Neste sentido, aumentos abruptos no volume e na intensidade de treinamento são os principais motivos. Além destes fatores, o tênis utilizado para corrida deve ser escolhido com cuidado e preferencialmente trocado a cada 400 a 800 Km, dependendo da qualidade e durabilidade do mesmo. Em suma, a síndrome patelo femoral  a tendinite patelar e a síndrome da banda iliotibial são as principais lesões relacionadas à corrida. Muitas destas injúrias podem ser atenuadas com medidas simples,  como ajustes na posição do atleta na bicicleta.
A natação é responsável por apenas 2% dos casos de lesões em triatletas. Da mesma forma, não são comuns as lesões relacionadas ao ciclismo. Em muitos casos as lesões causadas durante a prática destas duas modalidades esportivas são devidas a pouca experiência dos triatletas nestes esportes, uma vez que os mesmos não são nadadores e/ou ciclistas de formação.
Com precaução e um treinamento prescrito e periodizado cuidadosamente todos podem se tornar praticantes deste esporte fascinante. O triatlo, dependendo dos objetivos de cada atleta, é um esporte que desafia os limites do corpo.

Bons treinos!


Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

terça-feira, 25 de setembro de 2012

O exercício físico e sua importância para o sistema nervoso central.

Programas de exercícios físicos proporcionam muitos benefícios, independente da idades e nível de condicionamento físico dos praticantes. O sistemas cardiovascular, a estrutura musculoesquelética e os demais sistemas do organismo são contemplados com as melhoras promovidas pelo treinamento físico. Os efeitos do exercício no sistema nervoso central vem sendo amplamente estudados pelos pesquisadores da área da neurologia. Pesquisas vem demonstrando um importante papel dos programas de treinamento físico na melhora do humor, da memória, da capacidade de aprendizado e principalmente no tratamento adjunto e na prevenção de doenças neurológicas, tais como Alzheimer, esquizofrenia e transtornos depressivos.
O organismo produz, entre tantas outras, uma proteína chamada fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF; brain-derived neurotrophic factor) que exerce papéis importantes no sistema nervoso central. Produzido no cérebro, na retina, no sistema nervoso central, em neurônios motores, nos rins e na próstata, o BDNF é um fator de crescimento crucial para sobrevivência e resistência cerebral na injúria, vascularização cerebral, neurogênese, aprendizado e funções cognitivas. Neste sentido, áreas do sistema nervoso central como o hipotálamo, o hipocampo e a amígdala, formando o sistema límbico, têm seu desenvolvimento estimulado em situações de altas concentrações de BDNF.
Recentes estudos demonstraram que indivíduos fisicamente ativos e atletas altamente treinados possuem concentrações elevadas deste fator neurotrófico, elucidando de maneira mais aprofundada os benefícios dos programas de treinamento físico. Segundo pesquisadores especializados nesta área, exercícios aeróbicos de intensidade moderada a intensa são os mais eficientes em elevar as concentrações sanguíneas desta proteína. Dados relacionados a treinamentos de força ainda são inconclusivos, com pesquisas apresentando um aumento da concentração de BDNF e outras não apresentando diferença em indivíduos que treinam apenas musculação.
Estas informações são de suma importância para o desenvolvimento de programas de exercícios físicos que contemplam pacientes com doenças neurológicas ou com transtornos depressivos, uma vez que o aumento da produção desta proteína contribui para a regeneração e crescimento neuronal, e assim prevenindo, atenuando e/ou melhorando o prognóstico e o tratamento destes pacientes. Além disto, estes são apenas alguns dos tantos outros benefícios oferecidos a quem se engaja em programas de treinamento físico. Bem estar físico e mental. Basta começar a treinar. Bons treinos!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

As cãibras nos esportes de longa distâncias: ainda faltam explicações concretas.

Treinar e competir em esportes de longa distância expõe o organismo a condições extremas, as quais estão relacionadas com lesões e sensações de desconforto. O surgimento de cãibras em meio a treinamentos, competições e até mesmo em momentos de repouso é comum em atletas praticantes destas modalidades esportivas. As cãibras são contrações musculares máximas involuntárias e extremamente dolorosas, que podem ocorrer em atletas altamente treinados e indivíduos com baixo condicionamento físico, bem como em situações clínicas, como na hemodiálise, diarreia e vômito, hiponatremia (depleção da concentração de sódio no sangue), hipercalemia (concentração elevada de potássio no sangue) e hipocalemia (depleção da concentração de potássio no sangue), hipocalcemia (depleção da concentração de cálcio no sangue) e hipomagnesemia (depleção da concentração de magnésio no sangue). O surgimento destas contrações musculares ainda são tema de muitos debates e pesquisas, uma vez que ainda não existe uma explicação concreta e definitiva para tal situação. Entretanto, as primeiras linhas de pesquisas apontam para desequilíbrios na concentração de fluídos e eletrólitos no organismo, o que de fato parece ser a causa das cãibras ocorridas em situações clínicas. Por outro lado, as cãibras em situações de exaustão física parecem não ser desencadeadas pelos mesmos mecanismos.
Pesquisas que analisaram a concentração plasmática de sódio, potássio, magnésio e cálcio não encontraram diferenças na concentração plasmática destes elementos entre aqueles que apresentaram cãibras e aqueles que não apresentaram após provas de longa distância (triatlo; ultramaratona; maratona). Da mesma maneira, não foram encontradas diferenças quando analisadas as concentrações de glicose, de proteína plasmática e parâmetros relacionados ao estado de hidratação dos atletas.
Um estado de hiperexcitabilidade nervosa e muscular parece ser responsável por desencadear as cãibras, o que pode estar relacionado com a concentração plasmática de magnésio, o qual desempenha importantes funções no sistema nervoso e muscular. Neste sentido, o magnésio é um dos suplementos de reposição eletrolítica mais promovidos pela indústria de nutrição esportiva com a premissa de prevenir as cãibras.
A perda de água e eletrólitos durante os treinamentos e competições de longa distância é bastante acentuada e deve ser cuidadosamente monitorada e reposta de acordo com as características e necessidades de cada modalidade esportiva. Neste sentido, o nutricionista é o profissional capacitado para prescrever e orientar a reposição de nutrientes, eletrólitos e água durante a prática esportiva. Muito cuidado com as propagandas da indústria de repositores energéticos e suplementos alimentares, muitas vezes há maior interesse em lucrar do que em oferecer, com honestidade, o que de fato o organismo necessita. Com os devidos cuidados tomados, vamos treinar duro pessoal!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS


sábado, 1 de setembro de 2012

Uma singela homenagem ao nosso dia!


Está se encerrando uma semana de comemorações. Segunda-feira passada , dia 27 de agosto, comemoramos o dia do psicólogo. Ontem, dia 31 de agosto, foi celebrado o dia do nutricionista. Em um mês e meio estaremos comemorando o dia do fisioterapeuta, no dia 13 de outubro. Junto com a Educação Física estas profissões desempenham um importante papel na sociedade, seja na formação de atletas, no desenvolvimento infantil e juvenil, no desenvolvimento de atividades relacionadas à um estilo de vida saudável ou até mesmo no tratamento adjunto de diversas doenças. Juntas, são implacáveis. Recentemente foram realizados os Jogos Olímpicos de Londres e neste momento estão acontecendo os Jogos Paralímpicos, nesta mesma cidade. Muitos recordes foram pulverizados, metas foram atingidas, atletas alcançaram resultados surpreendentes, o fenômeno Usain Bolt brilhou novamente, Arthur Zanetti nos condecorou e nos encheu de orgulho com uma medalha de ouro na ginástica e Yane Marques nos surpreendeu de forma maravilhosa conquistando uma medalha de bronze no pentatlo moderno.

Seria possível proporcionar este espetáculo aos torcedores e fans do esporte se não fosse o trabalho conjunto dos treinadores, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas? Eu não me arriscaria em dizer que sim. Sou muito feliz em fazer parte desta equipe que fica nos bastidores possibilitando que tudo aconteça.

Hoje comemorei o dia do Educador Físico com um presente que  sonhava há tempos. Minha mãe, com seus 67 anos, e meu pai, do alto de seus bem vividos 77 anos, iniciaram seus programas de exercícios físicos. Logo logo estarão agitando muito mais por aí. Neste exato momento aguardo a chegada do meu irmão para mais um dia de treinamento físico. Este, com seus 52 anos, é um dedicado carateca graduado como faixa marrom que  iniciou nesta semana sua preparação física para aprimorar seu condicionamento e, em breve, ser graduado como faixa preta de Caratê. Nesta mesma hora também deve estar rodando pelas ruas de Porto Alegre um talentoso e promissor corredor que me surpreende a cada chegada nas provas de 5 Km. Um dia maravilhoso para comemorar treinando em família o dia do Educador Físico.

Parabéns a todos nós que fazemos um bem incomensurável para a sociedade!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Treinamento de força na terceira idade: determinante da qualidade de vida.

Sábado conversava com meu pai sobre a vontade de iniciar um programa de exercícios físicos para ele. Do alto dos seus 77 anos de idade, ele descreve magnificamente suas experiências juvenis, mostrando uma memória infalível.  Como consequência de uma vida relativamente regrada, exibe um corpo esguio e elegante. Por outro lado, a força para subir as escadas com algumas sacolas de supermercado na mão, a resistência para caminhar algumas quadras até o mercado, a habilidade para cuidar do jardim e até mesmo a ação de elevar as mão acima da altura dos ombros para lavar seus cabelos grisalhos já estão prejudicadas.
A produção de força muscular tem seu desenvolvimento máximo entre os 20 e 30 anos de vida, permanecendo estável ou declinando gradativamente durante os 20 anos seguintes. Na sexta década de vida esta valência física apresenta graus de declínio mais acentuados, sendo que nas mulheres esta perda na capacidade de produção de força pode acontecer ainda mais cedo, entre os 40 e 50 anos de idade. Alguns pesquisadores apontam uma diminuição anual da capacidade de produzir força muscular em torno de 3% para homens e 5% para mulheres. Estas características inerentes ao processo normal de envelhecimento estão intimamente relacionadas com a qualidade de vida na terceira idade. Pesquisas científicas apontam mudanças musculoesqueléticas senescentes, acúmulo de doenças crônicas, medicamentos necessários para tratar doenças, atrofia por desuso, subnutrição, reduções nas secreções hormonais e alterações no sistema nervoso como os principais fatores associados à fraqueza muscular em idosos. Entretanto, a diminuição da força muscular pode ser atenuada com a inserção de programas de exercícios físicos no cotidiano dos idosos, trazendo benefícios importantes que podem melhorar a motivação e a qualidade de vida, prolongando a expectativa de vida.
Idosos podem desenvolver a capacidade de produção de força muscular. Halterofilistas seniores acima de 65 anos de idade são capazes de levantar mais de 200 kg no agachamento e cerca de 160 kg no supino, representando a eficácia do treinamento de força muscular nesta faixa etária. Pesquisadores descreveram que indivíduos com idade acima de 90 anos apresentaram aumentos de força muscular com um período de treinamento de 8 semanas. Além disto, achados científicos importantes descreveram que indivíduos mais velhos são capazes de realizar treinamentos resistidos intensos, com cargas equivalentes ou maiores a 80% de 1RM (uma repetição máxima). Treinamentos de força com cargas muito leves parecem não estimular o desenvolvimento desta capacidade física, entretanto, cargas intensas não devem ser utilizadas em todas as sessões de treino.
Programas com três dias de treinamento por semana com carga de 80% de 1RM em cada sessão ou com cargas regressivas de 80, 65 e 59% de 1RM em cada sessão foram eficientes em aumentar a força muscular e o conteúdo de massa corporal magra em homens e mulheres com idade de 61 a 77 anos.
Independente da idade o importante é iniciar o processo de treinamento físico. Benefícios importantes podem ser alcançados com treinamentos devidamente prescritos e periodizados de acordo com a condição do aluno. Vamos treinar, não importa quando. Por uma vida melhor!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Importância do exercício físico no tratamento adjunto de doenças, distúrbios e deficiências neuromusculares.


Os programas de exercício físico como tratamento adjunto de doenças são de fundamental importância e contribuem muito para a melhora do quadro geral do paciente. Neste sentido, não são raros os casos de indivíduos acometidos por doenças, deficiências e distúrbios neuromusculares que são submetidos a programas de reabilitação física. O acidente vascular cerebral (AVC), a esclerose múltipla (EM) e a doença de Parkinson (DP) são alguns casos em que o paciente pode ter seu quadro atenuado com a inserção do exercício físico no seu tratamento.
O AVC é um evento que está relacionado com a redução potencialmente fatal do fluxo sanguíneo cerebral (AVC isquêmico) ou com o rompimento de vasos sanguíneos cerebrais, causando uma hemorragia (AVC hemorrágico). As características clínicas do AVC dependem da localização e da severidade da lesão, entretanto, estão relacionadas com danos físicos (hemiplegia - paralisia de um lado do corpo; ou hemiparesia - paralisia parcial de um lado do corpo) e cognitivos. A EM representa uma doença crônica, caracterizada pela destruição da bainha de mielina que envolve as fibras do sistema nervoso central. Nesta patologia algumas características clínicas são: fadiga elevada, ataxia (movimentos involuntários dos membros inferiores e superiores), disfasia (problemas na fala), dentre outros. A doença de Parkinson faz parte de um grupo de condições chamadas distúrbios do sistema motor. Alguns sintomas clínicos desta doença incluem diversos graus de tremor, redução na espontaneidade e movimentação, rigidez e danos aos reflexos posturais.
Programas de exercício físico para pacientes acometidos por um AVC devem contemplar, nos primeiros 6 meses de recuperação, exercícios de reabilitação de movimentos, os quais incluem exercícios assistidos de flexibilidade ativos e passivos. Apesar da escassez de estudos relacionados a este tema, pesquisas apontam que o exercício físico contribui para a independência motora e funcional, bem como previne ou reduz demais doenças e distúrbios funcionais.
Programas de exercícios físicos que contemplem atividades aeróbicas, força, coordenação e flexibilidade são extremamente importantes no tratamento adjunto da EM. Entretanto, alguns aspectos devem ser rigorosamente controlados. Pacientes com EM possuem um tolerância muito baixa ao calor causado pelas condições ambientais ou pela termogênese induzida pelo exercício. Desta forma são indicados locais de temperatura controlada, que possibilitem a manutenção da temperatura corporal e locais para descanso frequente. Estes pacientes possuem capacidade de melhora cardiovascular preservada, o que torna possível e indicada a prescrição de exercícios aeróbicos em ciclo ergômetro, caminhadas, exercícios na água (piscina). Segundo alguns estudos, são indicadas 3 sessões de exercícios por semana, com duração mínima de 30 minutos, divididos em 3 períodos de 10 minutos.
Pacientes com DP podem ser beneficiados com a prescrição de exercícios de movimentos controlados e lentos. Exercícios estáticos de flexibilidade, treinamento de equilíbrio e caminhada, exercícios de mobilidade e/ou coordenação oferecem importantes benefícios para estes pacientes.
Além de todos os benefícios à capacidade funcional dos indivíduos, acredito que a principal importância dos programas de exercícios físicos direcionados ao tratamento de doenças é o aumento da motivação para continuar lutando. Muita saúde de bons treinos a todos.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Atletas e treinadores brasileiros: vítimas de um sistema de desenvolvimento esportivo precário.


Faltando pouco menos de uma semana para o final dos Jogos Olímpicos de Londres, muito se fala sobre o desempenho dos atletas e equipes brasileiras. Acredito que devemos ter cautela ao criticarmos ou elogiarmos o desempenho do nosso país nos Jogos deste ano e que os profissionais envolvidos e graduados no esporte devem exercer um papel primordial, alertando àqueles que não são diretamente relacionados com o desporto de alto rendimento. Neste contexto, como atleta amador e como treinador, eu gostaria de aproveitar este momento para tentar entender nossos resultados olímpicos e criar uma relação com experiências que vivi em um país tido como referência mundial na área do treinamento desportivo de alto rendimento. Não quero aqui fazer críticas aos atletas, treinadores e equipes, muito pelo contrário, pois penso que nosso país está muito bem representado.
Em janeiro de 2009 tive a oportunidade de realizar um curso de treinamento desportivo de alto rendimento na Universidade Estatal de Cultura Física, Esporte e Turismo da Rússia. Estive lá por aproximadamente 12 dias (dias letivos) e tive a honra de conhecer importantes pesquisadores, treinadores e atletas russos, bem como o sistema de desenvolvimento esportivo daquele país. Para começar, todas as vertentes de preparação desportiva olímpica (escolas de iniciação esportiva, centros de formação de atletas e centros olímpicos de treinamento) são vinculadas à Universidade Estatal, uma herança positiva do comunismo que durou até meados de 1990. Esta Universidade, que estuda apenas assuntos relacionados ao esporte, possui atualmente cerca de 50.000 especialistas de mais de 115 países, 550 professores, sendo 7 membros da Academia de Ciência da Rússia e 40 treinadores eméritos, dentre outros profissionais.
Além de um quadro de preparação acadêmica invejável, encontramos pelo país diversas escolas de iniciação esportiva, centros de formação de atletas e centros olímpicos de treinamento. Na escola de iniciação esportiva o aluno tem a liberdade de experimentar qualquer atividade esportiva, de forma lúdica, que tiver interesse Ao completar 7 ou 8 anos, se lhe agradar um esporte em específico o aluno pode ser encaminhado a um centro de formação de atletas coerente com o esporte escolhido. Lá ele é preparado de forma específica até atingir a idade de 17 anos, quando então é transferido para um centro olímpico de treinamento. Toda a vida esportiva do atleta, desde sua entrada na escola de iniciação é registrada de forma minuciosa, o que permite um acompanhamento sem erros e um direcionamento de treinamento perfeito.
Aprendi lá que todos os atletas são reconhecidos e premiados independente do esporte que praticam, o que até hoje gerou mais de 250 grandes campeões mundiais e mais de 100 grandes campeões olímpicos. Vale lembrar, toda a estrutura vinculada à Universidade, permitindo um desenvolvimento desportivo na teoria e na prática perfeito (sim, ouvi de um chefe de centro de formação de atletas: "não tem como dar errado...").
Economicamente a Rússia é hoje muito parecida com nosso país, diferenciando-se por um PIB per capita um pouco mais elevado, um índice de alfabetização de 99%, enquanto nós temos em torno de 90%, e alguns outros aspectos. Talvez em outros quesitos, quero deixar claro que não domino assuntos econômicos, o Brasil seja mais desenvolvido. Sendo assim, o problema não é na economia e sim no sistema.
Aos atletas e treinadores brasileiros, meus parabéns. Os resultados destes seres humanos são surpreendentes tendo em vista o precário sistema de desenvolvimento esportivo brasileiro que lhes é oferecido. Naquela época ouvi de um dos mais importantes especialistas do treinamento desportivo que sem mudar o sistema, o Brasil não sairia do lugar. Esta pessoa também contou-nos que o Comitê Olímpico Brasileiro estava disposto a implantar algo semelhante ao que é realizado na Federação Russa. Aguardamos pelo próximo ciclo olímpico e pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016. Até lá, bons treinos e sucesso aos nossos heróis.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS


terça-feira, 31 de julho de 2012

Exercício físico como terapia adjunta no tratamento de doenças oncológicas.

O sedentarismo está diretamente relacionado com o desenvolvimento de diversas doenças, tais como doenças cardiovasculares, pulmonares, metabólicas, alguns tipos de câncer, dentre outras. Além de contribuir na prevenção do desenvolvimento de doenças, programas de exercícios físicos também desenvolvem um importante papel na reabilitação de lesões, como uma terapia adjunta em casos clínicos. Pesquisas envolvendo programas de exercícios físicos apontam benefícios extremamente satisfatórios no que se refere à saúde, capacidade física e reabilitação de pacientes com doenças crônicas. Um programa de reabilitação física visa contemplar melhoras na capacidade funcional do indivíduo, resultando em benefícios para a qualidade de vida.

Um campo importante de estudo na medicina esportiva diz respeito às ações do exercício físico na reabilitação de doenças oncológicas. O câncer é um grupo de doenças coletivamente caracterizadas por um crescimento anormal de células, existindo mais de 100 tipos da doença, divididos em carcinomas (desenvolvido em células epiteliais, glândulas e órgãos internos), leucemias (desenvolvido nas células sanguíneas), linfomas (sistema imune) e sarcomas (tecidos muscular, ósseo, tendíneo, cartilaginosos e gordo). Para o tratamento destas doenças três modalidades terapêuticas podem ser utilizadas (cirurgias, radioterapia e quimioterapia) e cada uma delas tem características específicas e contribuem para o desgaste do organismo. As principais consequências destes tratamentos são a perda de massa corporal, diminuição do nível energético e perda de capacidade funcional.
Utilizando um protocolo de reabilitação física para paciente em tratamento para o câncer, que consistia em 6  semanas de caminhada em esteira rolante, numa intensidade de 80% da frequência cardíaca de pico (aferida em um teste de esforço), onde nas primeiras 3 semanas eram realizadas caminhadas de 3 minutos com 3 minutos de descanso, pesquisadores encontraram importantes resultados. Os 5 pacientes envolvidos no estudo apresentaram aumento na velocidade de treinamento, distância percorrida e desempenho máximo. Além disto, os efeitos benéficos de um programa de reabilitação física nestas situações estão relacionadas com a diminuição dos níveis circulantes de glicose sanguínea e insulina, aumentos dos níveis de hormônios corticoesteroides, de citocinas anti inflamatórias, da produção de interferons, da estimulação da enzima glicogênio sintetase, da função leucocitária, dentre outros.
Apesar de ainda não haver consenso sobre um programa de reabilitação física ideal, pesquisas sugerem que a realização de treinamentos de 3 a 5 dias na semana, numa intensidade de 60 a 80% da frequência cardíaca e pico, com atividades que envolvam grandes grupamentos musculares (p.ex. caminhar e pedalar), com uma duração de 20 a 30 minutos contínuos (alcançados com progressões de treinamentos intervalados até o treinamento contínuo) são mais eficazes do que sessões de treinamentos mais intensas. A progressão do treinamento pode não ser linear e deve depender das fases de tratamento do paciente.
São vários os benefícios oferecidos pelos programas de exercícios físicos para pessoas em tratamento contra o câncer. Desta forma, o exercício físico deve ser considerado como um importante aliado na terapêutica destas doenças.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS


terça-feira, 24 de julho de 2012

Dinâmica das cargas de treinamento: aspecto determinante na preparação desportiva.


O processo de preparação desportiva, independente do nível do aluno/atleta, envolve aspectos importantes da teoria do treinamento desportivo. É de suma importância conhecer os princípios pedagógicos, os quais estão relacionados com a atitude, consciência, caráter e personalidade bem como dos princípios específicos do treinamento físico, que dizem respeito ao desenvolvimento das características essenciais inerentes à modalidade desportivo. Além disto, é importante determinar os objetivos a curto, médio e longo prazo, de acordo com a condição física e psicológica do indivíduo. Determinadas as metas, deve-se traçar a metodologia para alcançar tal resultado. Neste ponto, um aspecto importante é a dinâmica das cargas de treinamento, nas diferentes fases da preparação desportiva.
A dinâmica das cargas de treinamento pode ocorrer de forma escalonada, com aumento de volume e intensidade na forma de degraus, ou de forma ondulatória. Na primeira situação, os aumentos das variáveis de treinamento ocorrem em períodos estritamente demarcados e localizados no tempo, com um período de estabilização e adaptação mais longo. Na segunda situação o volume e a intensidade das cargas sofrem diminuições periódicas antes de um novo pico de carga. Duas formas de manipular as cargas de treinamento, mas quando utilizá-las? Quando é mais adequado o uso de uma ou de outra?
Nas primeiras fases de preparação desportiva, a primeira forma de dinâmica das cargas é preferível, pois é necessário garantir uma graduação especial no desenvolvimento das influências das cargas. Entretanto, para indivíduos em fases avançadas de preparação e que desejam alcançar resultados superiores, a utilização da dinâmica das cargas ondulatórias pode oferecer maiores benefícios. Esta dinâmica é interessante porque oferece sessões de treinamentos e microciclos com cargas elevadas seguidos de sessões de treinamentos que permitem a prevenção do acúmulo excessivo dos efeitos das cargas crônicas, ou seja, um papel profilático desempenhado por uma fase de "descarga". Na dinâmica ondulatória, as cargas de treinamento no processo de preparação desportiva apresentam três formas:
  • Curtas: cargas ondulatórias nos microciclos (semanas) de treinamento.
  • Médias: cargas expostas em uma série de microciclos, compondo o treinamento mensal (mesociclo).
  • Longas: cargas que se manifestam em séries de ciclos médios que compõem etapas e períodos do macrociclo; temporada de treinamento e competições.
Na literatura encontram-se diferentes percepções em relação à característica ondulatória das cargas. Alguns autores defendem dinâmicas em "saltos" ou "retilínea", entretanto, apesar das diferentes metodologias de treinamento desportivo, de forma alguma deve-se abrir mão dos aspectos básicos de sua teoria. Conheça bem seu aluno/atleta, determine objetivos claros e programe um treinamento eficiente baseado em evidências práticas e científicas. Com paciência e determinação os resultados são alcançados. Bons treinos! 



Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Treinamento de flexibilidade: importante aliado no desempenho desportivo.


A flexibilidade músculo-articular é um componente importante da capacidade física do organismo humano e o seu grau de treinamento determina a amplitude na execução de movimentos desportivos. O aprimoramento desta capacidade durante a preparação desportiva pode auxiliar na prevenção de lesões musculares e proporcionar melhora na qualidade dos movimentos específicos do desporto a ser praticado. Além disto, exercitar a flexibilidade músculo-articular pode ser um importante aliado no treinamento da coordenação de movimentos.
A flexibilidade pode ser treinada através de diferentes metodologias, as quais devem ser selecionadas e prescritas de acordo com a necessidade específica do aluno e/ou atleta. Em desportos como ginástica desportiva, caratê, patinação artística, dentre outros, a amplitude músculo-articular é um componente essencial para a obtenção de resultados competitivos. Por outro lado, lançadores de dardo, corredores de provas com obstáculos e barreiras no atletismo, necessitam de maiores níveis de flexibilidade em músculos e articulações específicas, como nas articulações escapulares (lançadores) e articulações ilíacas (corredores). Os atletas de esportes cíclicos (p.ex. maratonistas, ciclistas, dentre outros) podem ser beneficiados com a redução de lesões, melhora na coordenação de movimentos e aumento da amplitude das passadas.
Antes das sessões de treinamentos, os exercícios de alongamentos podem ser utilizados com menor intensidade e duração, entretanto, estes exercícios não são indicados antes de sessões intensas de treinamentos específicos (p.ex. treinamento de força máxima, força explosiva, resistência anaeróbia, dentre outros), pois podem prejudicar a geração de força e a obtenção de desempenhos elevados. Após as sessões de treinamento, podem ser realizados alongamentos passivos (com o auxílio do treinador, de outro atleta, extensores elásticos), uma vez que a elasticidade muscular está elevada. Mais uma vez, após as sessões de treinamento intensas os alongamentos podem ser prejudiciais, uma vez que podem ocorrer lesões musculares ao estirar o músculo fadigado.
O maior desenvolvimento da flexibilidade músculo-articular é adquirido através de sessões de treinamentos específicos para esta capacidade física. Reservar um período do dia, em um turno contrário à sessão de treinamento usual, para treinar a flexibilidade é a melhor escolha. Assim, métodos específicos e que permitem maior obtenção da amplitude músculo-articular (p.ex. métodos passivo dinâmico, passivo estático, facilitador neuromuscular proprioceptivo) podem ser aplicados. Deve-se ter precaução ao realizar exercícios de alongamento e sempre buscar o trabalho de um profissional. Bons treinos a todos.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Meias de compressão e corrida: investimento importante ou vaidade?

O aumento exponencial da popularidade da corrida estimulou e continua estimulando as empresas de materiais esportivos a desenvolverem roupas e equipamentos produzidos com materiais especiais com a premissa de melhora na performance, na recuperação após treinos e/ou provas, ou ao menos no conforto durante as passadas. Muitos dos acessórios criados ajudam muito a encarar os diferentes tipos de provas oferecidas aos corredores, além de oferecer opções para que estes atletas, amadores ou não, suportem de maneira mais confortável as adversidades climáticas durante as diferentes estações do ano.
As meias de compressão estão sendo disponibilizadas ao grande público há um bom tempo. Os fornecedores destas meias apontam que elas oferecem benefícios na performance, na recuperação e na prevenção de lesões. Tudo isso seria possível devido a redução na concentração de lactato durante e pós a corrida, redução do percentual da frequência cardíaca máxima durante o esforço, diminuição dos níveis plasmáticos de biomarcadores de lesão muscular, redução da vibração tecidual durante as pisadas, dentre outros benefícios que teoricamente seriam gerados pela compressão em torno de 20 a 30 mmHg oferecida pelas meias.
Algumas ressalvas são necessárias para que decepções ou gastos desnecessários não ocorram. Pesquisas científicas ainda não conseguiram descrever resultados expressivos com a utilização das meias de compressão. Estudos importantes foram publicados já no ano de 2007 e desde lá pouco se concluiu. Alguns pesquisadores demonstraram que a utilização das meias de compressão contribuiu para um menor VO2 para uma mesma carga de esforço em relação aos indivíduos que não utilizaram, menor percentual de frequência cardíaca máxima durante a corrida, retardo no surgimento de dores durante o esforço, diminuição da concentração de lactato após a corrida e redução da dor muscular tardia. A razão para tais resultados é um melhor fluxo sanguíneo e melhor perfusão tecidual, o que gera melhora na nutrição e remoção de metabólitos produzidos pelo músculo durante treinamentos e provas.
O fator mais relevante e de maior importância, a performance na corrida, não foi alterado com a utilização das meias, ou seja, o indivíduo terá o mesmo tempo de prova com ou sem o uso deste acessório. Assim, investir ou não nas meias de compressão se torna uma decisão exclusiva do atleta/aluno. Acredito que o grande determinante é a determinação nos treinamentos e a metodologia de treinamento correta para alcançar as metas.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Exercícios para o CORE e sua importância no treinamento físico

Exercícios que estimulam o desenvolvimento do core já vem sendo utilizados com atletas de diversos esportes e também já se tornaram populares na população em geral. Como componente complementar ou como parte principal da sessão de treinamento, estes exercícios podem oferecer diversos benefícios relacionados à prevenção de lesões e melhora no desempenho físico. Desta maneira, será descrito resumidamente quais exercícios e quais são os músculos que compreendem esta região corporal. Além disto, é relevante explicitar alguns resultados de pesquisas científicas sobre este tipo de treinamento.

O core pode ser interpretado como uma caixa, na qual a musculatura abdominal compreende a parte frontal, os músculos paraespinhais e os glúteos na parte trás, o diafragma como a parte superior e os músculos pélvicos como a parte inferior. Desta forma, exercícios que estimulam o sistema proprioceptivo, com a utilização de bases e equipamentos (p. ex. bola suíça, fita de suspensão, disco inflável) que tiram o equilíbrio do aluno/atleta e estimulam a ativação de grandes porções musculares são ideais. Estes exercícios podem ser complementados com outras atividades acíclicas (p. ex. corrida com troca de direção, corrida com saltos), formando uma excelente sessão de treinamento.

Recentes pesquisas científicas apresentaram resultados importantes com a utilização de exercícios de estabilização do core. Uma revisão escrita por Fredericson e colaboradores (2005) aponta diversos benefícios da utilização destes exercícios. Os principais efeitos estão relacionados com a melhora da coordenação dos movimentos, fortalecimento de músculos pouco utilizados no esporte praticado, aumento de força e potência, dentre outros. Todos estes efeitos vão resultar, principalmente, na redução da incidência de lesões musculares e articulares e na melhora do desempenho físico do atleta/aluno.

Uma pesquisa conduzida na Westren Kentucky University (EUA) estudou os efeitos da utilização destes exercícios após séries de exercícios anaeróbios intensos sobre a concentração sanguínea de lactato. Os pesquisadores avaliaram os indivíduos imediatamente antes do exercício anaeróbio intenso e imediatamente depois. Em seguida, os indivíduos realizaram exercícios de estabilização do core por 5 minutos com subsequente análise da concentração de lactato. Mais uma vez os exercícios para o core ofereceram benefícios. Desta vez eles foram mais eficientes em reduzir a concentração de lactato que estava aumentada após o exercício anaeróbio quando comparado com a recuperação passiva (ausência de exercícios).

Um programa de treinamento pode e deve contemplar a utilização destes exercícios, uma vez que com eles podemos alcançar resultados que não alcançaríamos apenas com treinamentos convencionais.


Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS




quinta-feira, 21 de junho de 2012

Pressão arterial e exercício físico

Indivíduos com pressão arterial elevada encontram em um programa de exercício físico bem prescrito um importante aliado no tratamento da hipertensão. Entretanto, é necessário ter conhecimento dos efeitos das diferentes modalidades e intensidades de treinamento para que o aluno não seja submetido a uma situação de risco.
Exercícios de resistência (p. ex. musculação) podem promover aumento na pressão arterial sistólica e diastólica, principalmente nas fases concêntricas (fase da contração muscular na qual o comprimento do músculo é diminuído) e isométricas (contração muscular sem movimento articular), nas quais ocorre compressão da vasculatura e consequentemente aumento da resistência periférica total. Importantes estudos mostram que conforme aumenta a carga utilizada no exercício, maiores são os aumentos da pressão arterial.
Por outro lado, exercícios cíclicos (p. ex. pedalar, caminhar, correr) praticados em intensidades baixas e moderadas promovem redução da resistência periférica total e aumento do fluxo sanguíneo através de grandes porções da vasculatura periférica. A contração e o relaxamento muscular alternados destes exercícios contribuem muito para este quadro. Ainda assim, é importante ressaltar que a medida que a intensidade do exercício aumenta, também ocorre aumento da pressão arterial sistólica. A pressão arterial diastólica pode permanecer inalterada ou até mesmo diminuir com o aumento da intensidade.
Exercícios realizados com a musculatura dos membros superiores podem produzir aumentos mais pronunciados na pressão arterial. Este quadro ocorre devido a menor massa muscular e vasculatura ativadas quando comparadas com os membros inferiores.
Após a prática de exercício físico, pode ocorrer uma redução da pressão arterial abaixo dos valores pré-exercício, em indivíduos saudáveis e em indivíduos hipertensos. Esta hipotensão em resposta ao exercício pode durar até 12 horas e permanece ainda sem uma explicação definitiva. Uma explicação para esta situação é que uma importante quantidade de sangue permanece nos órgãos viscerais e/ou musculatura esquelética durante a recuperação. O retorno venoso reduz o volume sanguíneo central e consequentemente contribui para a diminuição do enchimento atrial e concomitantemente a pressão arterial sistêmica. 
O exercício físico pode ser muito importante no tratamento da hipertensão e de outras patologias cardiovasculares, porém é necessário um programa de treinamento planejado adequadamente. Bons treinos.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Uniformes ExerScience


Hoje a ExerScience visitou a ASA Esportes, em Ivoti-RS, para tratar da confecção dos uniformes que serão disponibilizados aos alunos/clientes que trabalharem conosco. A ES gostou muito do tratamento recebido e do serviço sério, honesto e de altíssima qualidade. Em breve a nossa primeira confecção estará nas ruas.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

ExerScience - Assessoria e Consultoria Esportiva


A ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva é uma empresa que surge com a intenção de oferecer serviços de primeira linha nas mais diversas áreas relacionadas ao esporte, seja de alto rendimento esportivo ou por lazer e estilo de vida. No ramo de assessoria esportiva a ExerScience disponibiliza serviços de prescrição e periodização de treinamento físico personalizado para pessoas em qualquer nível de aptidão física, desde aqueles que estão querendo iniciar na prática do exercício físico até atletas de diversas modalidades esportivas. Independente do aluno, o treinamento físico deve obedecer conceitos fisiológicos e da teoria do treinamento desportivo, sempre levando em consideração as avaliações quantitativas e qualitativas do aluno.
No setor de consultoria esportiva, a empresa oferece serviços de atualização em conhecimentos teóricos e práticos nas áreas de fisiologia e bioquímica do exercício, bem como do treinamento desportivo à clubes, academias e demais instituições esportivas.
Apesar de ainda estarmos preparando estruturalmente a ExerScience, este post tem como objetivo dar as boas vindas aos futuros alunos e clientes de uma empresa que estará em constante atualização teórica para fazer chegar às suas mãos um serviço eficiente, afim de alcançar junto com você os seus objetivos.
Em seguida, novos posts com o que há de mais relevante nas áreas de nossa atuação.

Bruno da Rocha Berger
Graduado em Educação Física - Bacharelado (IPA)
Mestre em Fisiologia (UFRGS)
CREF 014010-G/RS