O sedentarismo está diretamente
relacionado com o desenvolvimento de diversas doenças, tais como doenças
cardiovasculares, pulmonares, metabólicas,
alguns tipos de câncer, dentre outras. Além de contribuir na prevenção do
desenvolvimento de doenças, programas de exercícios físicos também desenvolvem
um importante papel na reabilitação de lesões, como uma terapia adjunta em
casos clínicos. Pesquisas envolvendo programas de exercícios físicos
apontam benefícios extremamente satisfatórios no que se
refere à saúde, capacidade física e reabilitação de pacientes com doenças
crônicas. Um programa de reabilitação física visa contemplar melhoras na
capacidade funcional do indivíduo, resultando em benefícios para a qualidade de
vida.
Um campo importante de estudo na medicina esportiva
diz respeito às ações do exercício físico na reabilitação de doenças
oncológicas. O câncer é um grupo de doenças coletivamente caracterizadas por um
crescimento anormal de células, existindo mais de 100 tipos da doença, divididos
em carcinomas (desenvolvido em células epiteliais, glândulas e órgãos
internos), leucemias (desenvolvido nas células sanguíneas), linfomas (sistema
imune) e sarcomas (tecidos muscular, ósseo, tendíneo, cartilaginosos e gordo).
Para o tratamento destas doenças três modalidades terapêuticas podem ser
utilizadas (cirurgias, radioterapia e quimioterapia) e cada uma delas tem
características específicas e contribuem para o desgaste do organismo. As
principais consequências destes tratamentos são a perda de massa corporal,
diminuição do nível energético e perda de capacidade funcional.
Utilizando um protocolo de reabilitação
física para paciente em tratamento para o câncer, que consistia em 6
semanas de caminhada em esteira rolante, numa intensidade de 80% da
frequência cardíaca de pico (aferida em um teste de esforço), onde nas
primeiras 3 semanas eram realizadas caminhadas de 3 minutos com 3 minutos de
descanso, pesquisadores encontraram importantes resultados. Os 5 pacientes
envolvidos no estudo apresentaram aumento na velocidade de treinamento,
distância percorrida e desempenho máximo. Além disto, os efeitos benéficos de
um programa de reabilitação física nestas situações estão relacionadas com a
diminuição dos níveis circulantes de glicose sanguínea e insulina, aumentos dos
níveis de hormônios corticoesteroides, de citocinas anti inflamatórias, da
produção de interferons, da estimulação da enzima glicogênio sintetase, da
função leucocitária, dentre outros.
Apesar de ainda não haver consenso sobre
um programa de reabilitação física ideal, pesquisas sugerem que a realização de
treinamentos de 3 a 5 dias na semana, numa intensidade de 60 a 80% da
frequência cardíaca e pico, com atividades que envolvam grandes grupamentos
musculares (p.ex. caminhar e pedalar), com uma duração de 20 a 30 minutos
contínuos (alcançados com progressões de treinamentos intervalados até o
treinamento contínuo) são mais eficazes do que sessões de treinamentos mais
intensas. A progressão do treinamento pode não ser linear e deve depender das
fases de tratamento do paciente.
São vários os benefícios oferecidos pelos
programas de exercícios físicos para pessoas em tratamento contra o câncer.
Desta forma, o exercício físico deve ser considerado como um importante aliado
na terapêutica destas doenças.
Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS