terça-feira, 29 de julho de 2014

Vale a pena treinar e competir "adulterado"? O doping e as provas de endurance.

Até onde vai a sede pela vitória? Qual o limite do atleta em relação ao seu caráter e ética? Até quando ele aceita que o organismo tem seus limites e que os resultados levam tempo para aparecer, que muito suor e talvez até sangue vá escorrer, durante anos, até que a glória chegue?


Escrevo como graduado em Educação Física - Bacharelado, Mestre em Fisiologia, como treinador e também como atleta amador de corrida de fundo e iniciante no duatlo. Há tempos vejo resultados surpreendentes, metas alcançadas de forma brilhante e organismos que se recuperam prova após prova, resultado após resultado, que até Claud Bernard deve se revirar no túmulo para tentar explicar de que forma estes organismos se regeneram de forma tão rápida.

Hoje pulei da cama às 5 horas da manhã. As 5:55 estava dando as primeiras pedaladas em direção à Avenida Beira-Rio. Fiz meu modesto treino de ciclismo e as 7:10 estava abrindo novamente o portão da minha casa, de pernas bambas de tanto fazer força. Assim como eu, centenas de atletas amadores ou profissionais se dedicam de forma integral para melhorar seu desempenho. Rodam centenas de quilômetros por semana, treinam em intensidades absurdas, sentem dor, falham em seus treinos e retornam para fazer melhor no dia seguinte. Os profissionais buscando um patrocínio melhor, um salário mais digno, um resultado que lhe renderá frutos. Os amadores tentando sanar sua sede por competição, sua hiperatividade, a guerra incessante que tem consigo mesmo para melhorar seus desempenhos.

Então ligo o computador e de imediato leio esta notícia "Atleta é suspenso por doping". Resultado de uma coleta de controle fora de competição que identificou alteração acima do permitido na razão testosterona/epitestosterona, o que indica o uso de testosterona de forma ilícita. Numa busca rápida da CONAD (Comissão Nacional Antidopagem), encontrei mais três comunicados:
Todos atletas de fundo e num período curto de tempo, do final do ano passado até este mês.

É triste, mas seguiremos isentos, em busca de um esporte mais limpo e justo. Muitas vezes aquele que larga do seu lado e chega na sua frente, num estado fisiológico normal chegaria junto ou atrás de você.
O importante mesmo é treinar, sofrer, se divertir, fazer amigos e colocar a cabeça no travesseiro todas as noites com a consciência tranquila.

Em uma próxima postagem poderemos debater as consequências na saúde do uso de ergogênico ilícitos. 

Bons treinos e boa semana pessoal!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

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