segunda-feira, 12 de maio de 2014

A importância do exercício físico para o sistema nervoso central.

Remover a ferrugem e reativar algo que sempre gostei de fazer. Nunca deixei de ler e buscar diariamente o conhecimento, mas já faz um tempo que deixei de escrever sobre alguns aspectos importantes relacionados ao exercício físico e suas consequências fisiológicas positivas. Buscando a mesma desenvoltura das primeiras postagens, aí vai.
Há décadas se estuda o importante papel que o exercício físico tem na manutenção e melhora da saúde mental. Depressão, perda de memória e algumas doenças neurodegenerativas tem o desporto como um forte combatente. Até mesmo eventos cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio, apresentam desfechos clínicos mais favoráveis em pessoas fisicamente ativas, as quais possuem comprovadamente uma saúde mental elevada.
Respostas fisiológicas ocorrem e explicam tais benefícios. Submeter o organismo a qualquer estímulo físico (p.ex.: praticar musculação, nadar, correr, pedalar, caminhar, etc) desde que devidamente prescrito e periodizado de acordo com as possibilidades e necessidades de cada indivíduo, promove a liberação de fatores neurotróficos, ou seja, de proteínas que regulam especificamente o desenvolvimento de diversos tipos de células precursoras de neurônios e a manutenção do tecido nervoso. Os fatores mais importantes são o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) e o fator de crescimento neural induzível VGF.
O hipocampo é uma estrutura do sistema nervoso central considerada a sede da memória e também uma importante estrutura do sistema límbico, o qual é responsável pelas emoções e comportamentos sociais. Pesquisadores descreveram um aumento da expressão do BDNF nesta estrutura e o aumento dos níveis venosos desta mesma proteína, induzido pelo exercício físico. Consequentemente, é observado um aumento da neurogênese no hipocampo de adultos fisicamente ativos. Este aumento está correlacionado com a capacidade física (VO2máx) e níveis de BDNF circulantes. Melhoras no aprendizado também são observadas, e estas respostas se devem muito pela capacidade de modulação neuronal e da plasticidade axonal estimuladas pelo BDNF. Da mesma forma, o exercício físico aumenta a expressão do VGF, e infusões experimentais deste fator estão altamente relacionados com padrões antidepressivos.
Os benefícios do exercício também se estendem as doenças neurológicas, como Parkinson e Alzheimer. Mais uma vez, o BDNF exerce um importante papel, e pesquisas experimentais apontaram que camundongos que não produziam adequadamente esta proteína, não desenvolviam os mesmos desfechos benéficos causados pelo treinamento físico.
Outros fatores, além dos explanados aqui, possuem um papel importante nos benefícios neurológicos oferecidos pelo exercício físico, entretanto o objetivo foi apenas destacar como uma simples mudança no estilo de vida pode promover alterações tão interessantes. Praticar exercício físico é algo que promove saúde física e mental. Algo que nos faz viver mais e viver melhor. Procure um acompanhamento qualificado e comece a se valer destes benefícios. Quem já o faz, aproveite ao máximo e colha os frutos.

P.S.: Será que existe apetite pelo exercício físico? Será que algumas pessoas desejam mais a prática do exercício do que outras? Componentes genéticos e/ou históricos esportivos de infância podem determinar a vontade de praticar esportes? Aí está um ponto importante e que podemos debater na próxima oportunidade!

Bons treinos e uma ótima semana!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS



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