domingo, 1 de setembro de 2013

Dia do educador físico. Uma pequena homenagem.

Num período de uma semana comemora-se o dia de três profissionais que, com seus serviços, são capazes de contemplar quase todas as instâncias do bem estar físico e emocional do ser humano. No dia 27 de agosto foi a vez do psicólogo, no dia 31 de agosto o dia de nutricionista e hoje, dia 1 de setembro, o dia do educador físico. Mais adiante, no dia 13 de outubro, comemora-se o dia do fisioterapeuta. Juntos estes profissionais são capazes de preparar um atleta para o seu mais alto rendimento desportivo ou até mesmo de reabilitar e/ou prescrever programas de acompanhamento que irão proporcionar um prognóstico mais otimista em indivíduos acometidos por alguma doença.
Em relação a nós, educadores físicos, um sincero parabéns pelo trabalho que realizamos, contemplando objetivos diversos que nossos alunos/atletas tem no âmbito esportivo. Muitos de nós somos mais do que treinadores. Somos alguém em quem as pessoas confiam e deixam em nossas mãos a prescrição de treinamentos que resultarão, independentemente se com sucesso ou não, em alterações em seus organismos. Somos também conselheiros, ouvintes, amigos, motivadores e orientadores. Assim, cabe a nós a responsabilidade de exercer nossa profissão com conhecimento teórico e prático, ética, coerência e caráter. Cabe a nós a busca incessante pela excelência.
É bem verdade que a profissão está se afirmando cada vez mais. Está ganhando o respeito que deve receber. Eu não diria o respeito que merece, pois aqui vai uma ressalva. Eu tenho o desejo de uma Educação Física com mais corporativismo e com mais profissionalismo. Se lutássemos uns pelos outros por uma profissão mais sólida da mesma forma que lutamos pelos nossos interesses pessoais e profissionais, com certeza o nosso lugar ao sol seria muito mais estável. Tenhamos consciência dos grandes profissionais e da grande profissão a qual pertencemos, da mesma forma que a maioria da população já nos enxerga. Vamos nos ajudar, deixando de lado o ego, e oferecer o melhor que podemos. Sempre sabendo que todos podem ser excelentes profissionais.
Por fim, um agradecimento a esta profissão que tantas alegrias me proporciona. Um muito obrigado aos alunos e atletas que confiam e permitem que eu intervenha na vida deles e juntos tentamos conquistar os objetivos. Cada cruzada de linha de chegada, cada passo a frente, cada sorriso de vocês repercute em mim uma alegria sem igual.

Feliz dia do educador físico! Uma profissão maravilhosa!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Alongamento durante o aquecimento?

Alongamento durante o aquecimento? Esta prática foi e ainda é muito utilizada em diferentes modalidades esportivas, no entanto, algumas evidências apontam que esta não é a melhor escolha:

- Partindo do pressuposto que o aquecimento visa aumentar a temperatura corporal, preparando físico e psicologicamente o atleta para um melhor desempenho desportivo, podemos afirmar que o alongamento não é o melhor exercício para este fim. Para ocorrer um aumento da temperatura corporal é necessário um aumento do metabolismo, ou seja, do conjunto de reações químicas que ocorrem no organismo, e assim um momento do fluxo sanguíneo. Neste sentido, a prática mais indicada é a orientação de exercícios semelhantes aos que serão utilizados na parte principal da atividade esportiva, mas com uma intensidade menor.

- Ainda em relação ao aumento do fluxo sanguíneo, é importante esclarecer que os exercícios de alongamento estático não promovem tal resultado. Alguns estudos já demonstraram claramente reduções no consumo de oxigênio de até 50% durante exercícios de alongamentos, uma vez que o fluxo sanguíneo muscular se torna limitado mecanicamente durante esta prática. Por outro lado, os alongamentos dinâmicos parecem não ter o mesmo efeito, podendo assim, ser uma ferramenta interessante durante o aquecimento. 

Os alongamentos dinâmicos, assim como qualquer modalidade de treinamento, se bem orientados e realizados de maneira correta, são extremamente seguros.


Bons treinos e até breve!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

terça-feira, 23 de abril de 2013

A importância do exercício físico no acompanhamento da esclerose múltipla.

A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória autoimune que se desenvolve no sistema nervoso central, causando desmielinização axonal, ou seja, a perda da bainha de mielina que envolve os axônios. A bainha de mielina é um isolante lipídico que contribui para o aumento da velocidade de condução do estímulo elétrico através do axônio (parte do neurônio responsável pela condução do estímulo elétrico).
Alguns fatores de risco podem estar relacionados com o desenvolvimento da doença. A prevalência da EM é duas vezes maior entre as mulheres. Fatores genéticos, descendência familiar européia e baixas concentrações séricas de vitamina D são os principais aspectos relacionados ao desenvolvimento da doença.
A EM apresenta dois cursos bastante distintos, sendo um remitente/recorrente, no qual os sintomas e sinais neurológicos são transitórios, sendo imprevisível o momento e a característica do próximo surto. Um segundo curso é de característica progressiva, no qual os sintomas e sinais neurológicos se instalam e se intensificam com o passar do tempo. Este segundo curso é mais prevalente em pessoas acima dos 40 anos.
Os principais sintomas desta doença são: perda de sensibilidade tátil, parestesia, fadiga muscular, dificuldades locomotoras, perda de equilíbrio, dentre outros.

A inserção de indivíduos com EM em programas de exercício físico pode ser de extrema importância, uma vez que os sintomas da doença estão relacionados com a piora da capacidade física e consequentemente da queda na qualidade de vida dos pacientes. Entretanto, por muito tempo o exercício físico foi considerado contraindicado para pessoas com EM, muito em razão dos riscos de expor estas pessoas a um desgaste físico acentuado e/ou promover aumento da temperatura corporal.
Atualmente, o treinamento físico é visto como um importante componente no acompanhamento da doença. Em virtude do descondicionamento físico, osteoporose e possíveis quedas, diversas sociedades nacionais de esclerose múltipla recomendam a prescrição de exercício físico para portadores de EM. Estes programas devem contemplar treinamentos de força muscular, treinamento aeróbico e exercícios em plataformas vibratórias, objetivando a melhora da capacidade cardiovascular, força, equilíbrio e diminuição da fadiga e depressão.

Talvez o mais importante seja a capacidade do exercício físico proporcionar uma melhora da qualidade de vida dos indivíduos através do aumento da capacidade funcional. Proporcionar aos portadores de EM condição física suficiente para que estes realizem suas atividades da vida diária com o máximo de naturalidade é algo de suma importância. Algo que promove uma vida mais feliz para pessoas com uma doença atualmente sem cura.

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS



segunda-feira, 11 de março de 2013

Demandas fisiológicas e perfis de ações motoras do futebol de salão

Foto: Roque Lopes/Clic Tribuna
O futsal foi criado no Uruguai na década de 1930, devido a escassez de espaços para a prática de futebol. Em 1970 foi criada a primeira associação internacional de futebol de salão, chamada Federación Internacional de Fútbol de Salón (FIFUSA). Atualmente o futsal é regulado pela FIFA (Fédération Internationale de Football Association).
Este esporte ganhou grande popularidade principalmente no Brasil, país o qual já conquistou diversos títulos internacionais com sua seleção nacional e/ou representado por suas diversas agremiações espalhadas por todo país. Apesar desta popularidade, da existência de clubes de alto nível e consequentemente de competições nacionais de grande importância, este esporte carece de maiores estudos que caracterizem as demandas fisiológicas e físicas dos atletas, algo importante para nortear a preparação física e técnica.
Ainda assim, alguns estudos foram publicados com este intuito. No ano passado, um trabalho publicado por dois centros de pesquisa da Tailândia descreveu aspectos fisiológicos e perfis de ação motora de jogadores de futsal de alto rendimento. Este trabalho analisou jogadores profissionais e amadores, dividindo-os em jogadores de linha e goleiros. Respeitando os objetivos deste texto, iremos nos ater nos resultados dos jogadores profissionais.
Valores de VO2max (mL/Kg/min) analisados a partir de um teste incremental máximo em esteira rolante foram de 60,4 ± 5,1 entre os jogadores de linha e de 54,6 ± 5,7 entre os goleiros. Durante uma partida os jogadores de linha apresentaram 89,8 ± 5,8 % da frequência cardíaca máxima e os goleiros apresentaram 73,7 ± 5,1 %, correspondendo a 77,9 ± 9 % e 63,2 ± 8,9 % do VO2max respectivamente. O gasto energético total foi de 595 ± 50 kcal nos jogadores de linha e de 422 ± 80 kcal nos goleiros. A concentração sanguínea de lactato foi de 5,5 ± 1,4 mmol/L e 4,2 ± 1,3 mmol/L nos jogadores de linha e nos goleiros, respectivamente.
Analisando os perfis de ações os autores descreveram que a maior distância percorrida foi trotando (1302 m), com as corridas de baixa e moderada velocidades ficando em segundo lugar (1165 m e 1050 m, respectivamente), entretanto o maior percentual de tempo foi em ações de alta intensidade (>85% FCmax.), representando 81,4% do tempo. A distância total percorrida pelos jogadores foi de 5087 ± 1104 m.
Estes são apenas alguns valores publicados pela pesquisa, mas que ajudam e servem de base para a prescrição e periodização de treinamentos para equipes de futsal. Além destas pesquisas, que nos ajudam a entender este esporte, ter o conhecimento das diversas variáveis biológicas e físicas dos atletas os quais treinamos são tão ou mais importantes. Boa semana e bons treinos!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Arritmia cardíaca e treinamento aeróbico de alto rendimento.

O treinamento de esportes de longa duração (p. ex. corridas de meio-fundo e fundo, ciclismo de estrada, triatlo, dentre outros) promovem adaptações importantes no organismo, sendo as alterações no sistema cardiovascular uma das mais relevantes. A melhora do desempenho físico através de um treinamento adequado e bem planejado, culmina em resultados esportivos cada vez mais expressivos, estimulando os praticantes a treinarem ainda mais com o intuito de alcançar colocações mais importantes. Entretanto, atenção especial deve ser dada para o acompanhamento e controle das alterações desencadeadas no sistema cardiovascular a medida que o nível de treinamento aumenta, ainda que o atleta tenha realizado todos os exames pertinentes e tenha sido liberado por um cardiologista para a prática esportiva de alto rendimento.
Alterações no nodo sinusal, propriedades eletrofisiológicas atriais e na condução do nodo atrioventricular estão relacionadas com aumento no tônus parassimpático de repouso, tornando os atletas de endurance mais vulneráveis a arritmias cardíacas. Esta condição ainda é pouco estudada, no entanto alguns estudos apontam uma incidência significante em indivíduos bem treinados, com aumento da prevalência de acordo com o aumento da idade e de anos de treinamento.
Alguns dos fatores que possivelmente contribuem para o desenvolvimento de arritmia cardíaca em atletas estão relacionados com o controle autonômico cardíaco e fatores estruturais e metabólicos. O aumento no tônus parassimpático e redução do tônus simpático, resultando em bradicardia durante o repouso é uma característica de indivíduos treinados aerobicamente. Esta condição diminui o período refratário (espaço de tempo no qual o coração não pode ser novamente estimulado) através da diminuição da corrente de influxo através dos canais de cálcio do tipo L. Menos comum, porém de grande importância, tônus simpático exacerbado pode induzir fibrilação atrial durante esforço físico extenuante através do encurtamento do potencial de ação atrial. Uma alteração estrutural importante pode também estar relacionada com desenvolvimento de arritmias cardíacas. Dimensões transversas de átrio direito iguais ou superiores a 40mm estão relacionadas com a ocorrência de fibrilação atrial, sendo os motivos pelos quais esta situação ocorre, ainda não elucidados. Aumentos acentuados de marcadores inflamatórios, principalmente interleucina 6 e proteína c-reativa, em situações de provas e treinamentos intensos também aumentam o risco de desenvolvimento de arritmias cardíacas.
Guias específicos determinam afastamento de treinamentos e competições por pelo menos 3 meses, dependendo o diagnóstico médico. Neste sentido, é preciso ter muito cuidado e paciência para respeitar os limites do organismos e entender que o processo de treinamento desportivo de alto rendimento é longo e que os resultados, por mais que demorem a chegar, com um programa de treinamento físico bem elaborado e com a realização de controles clínicos periódicos, o sucesso sempre chega. Bons treinos!

Me. Bruno R. Berger
ExerScience Assessoria e Consultoria Esportiva
Graduado em Educação Física - Bacharelado
Mestre em Fisiologia Humana (UFRGS)
CREF 014010-G/RS